Qual a importância estratégica da média gerência nas organizações?

Foto: Christina Wocintechchat via Unsplash

Entenda por que a valorização da média gerência está entre as prioridades dos CEOs, de acordo com estudos globais da consultoria McKinsey & Company.

 

Reconhecer a importância estratégica da média gerência é uma das prioridades dos CEOs em 2024 segundo um estudo global1 da consultoria McKinsey & Company, publicado recentemente. Claro que os assuntos relacionados à inteligência artificial, à tecnologia e à transição energética também figuram entre as oito prioridades apontadas no relatório. Diante de assuntos tão contundentes, por que então a atenção à média gerência ganhou destaque na agenda de quem está no topo da organização? 

 

Porque a média gerência, quando bem exercida, tem um papel vital nas empresas: conectar e integrar pessoas e tarefas, conforme bem pontuado pelo estudo. São os gerentes de nível médio, portanto, que fazem a ponte entre a visão organizacional e a execução. Além disso, esses profissionais têm uma influência expressiva no bem-estar dos colaboradores, como também assinalado no documento.

 

Antes de avançarmos, no entanto, o que a pesquisa da Mckinsey considera como média gerência? São gestores que não pertencem à diretoria ou à alta gerência, mas gerenciam uma ou mais pessoas que, por sua vez, gerenciam outras pessoas. Com base nessa definição, quais então os principais desafios de quem ocupa um cargo intermediário na hierarquia das empresas?

 

Resgato aqui, novamente, mais um estudo da Mckinsey 2, de 2023, que relaciona questões importantes referentes à média gerência que merecem ser analisadas nas organizações:

 

 

Pouco tempo para atuar na gestão de talentos e pessoas

Embora os gerentes em cargos médios tenham uma grande influência na satisfação dos colaboradores com as relações interpessoais no trabalho, esses profissionais têm pouco tempo para se dedicar ao time. Um dos pontos citados é a dificuldade de poderem atuar mais como coaches na orientação / supervisão dos colaboradores, assim como no desenvolvimento da equipe.

 

Excesso de burocracia e pressões do topo e da base

A necessidade de lidar com o excesso de reuniões, e-mails, processos complexos de aprovação e tarefas administrativas, entre outras atribuições não gerenciais e de baixo valor, comprometem o desempenho da média gerência e tiram o foco tanto de questões estratégicas (planos de ação, por exemplo) como da gestão de talentos.

Pressões tanto do topo da organização quanto da própria base também afetam a capacidade dos gestores em recrutar e reter bons profissionais para os seus times. Entre as questões mais frequentes, foram mencionados colaboradores com baixo desempenho, líderes seniores que impactam negativamente a equipe, assim como colaboradores valiosos que deixam a organização porque, de alguma forma, não foram devidamente atendidos em suas demandas.


Liberdade de ação e recompensas financeiras

O anseio por mais autonomia e responsabilidade, assim como por recompensas financeiras pelo seu desempenho, também são importantes para a média gerência. Oportunidades de aprendizado também surgem como uma gratificação interessante em algumas regiões do mundo, segundo o estudo.

Entretanto, é justamente no tópico relacionado às recompensas que, muitas vezes, as organizações cometem equívocos: o reconhecimento costuma vir como uma promoção para cargos mais altos na hierarquia que, nem sempre, combinam com as principais habilidades e competências daqueles gestores.

 

 

Acredito que estes pontos mencionados no estudo conduzido pela McKinsey já deixam claro o impacto da média gerência na gestão de pessoas. São os gerentes do nível intermediário da organização que conhecem de perto o seu time, que sabem das habilidades e pontos a desenvolver de cada um. São eles, portanto, que sabem designar a melhor pessoa para uma determinada tarefa. E diante das inúmeras transformações que estão em curso no ambiente corporativo, conhecer a fundo as competências de cada um e preparar o time para os novos desafios é uma questão vital.

 Devemos lembrar que as mudanças acontecem somente a partir das pessoas. E são justamente os gerentes médios, por sua maior proximidade com quem está na operação, na linha de frente, que sabem o que é necessário para que os planos, de fato,  saiam do papel.

O estudo sugere, por fim, que paremos de olhar a média gerência como um local de passagem e sim como um local de destino, já que é o núcleo central de muitas organizações. Como esta questão é percebida na sua empresa e quais as diretrizes da área de Gestão de Pessoas para esses cargos ? Entendo que se trata de uma ótima reflexão.

 

1 - “What matters most? Eight priorities for CEOs in 2024”.
2 -
“Pare de desperdiçar seu recurso mais precioso: a média gerência”.




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